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Com CBOE como sócia, CSD BR pretende avançar em ‘block trade’

06.dez.2022

Por Juliana Schincariol, Valor Econômico.

Enquanto se prepara para operar na negociação de “block trades” – os grandes lotes -, a registradora CSD BR tem a seu lado um parceiro estratégico: a Chicago Board Options Exchange (CBOE), considerada uma das principais operadoras de mercados de capitais no mundo. A empresa americana passou a ter uma participação na CSD BR em janeiro, quando também foi anunciado o aporte de BTG e Santander na companhia. O valor do negócio foi de cerca de R$ 200 milhões, apurou o Valor.

Uma operação de block trade é realizada especialmente por investidores institucionais ou estrangeiros. As regras do jogo mudaram no ano passado, após a edição, em junho, da Resolução 135 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A regra passou a permitir que essas operações também sejam realizadas em mercados de balcão organizado – neste caso, os ativos podem ser negociados diretamente entre as partes. Antes disso, para negociar um grande bloco, as regras exigiam que fosse realizado leilão dos papéis.

Há alguns participantes do mercado interessados em atuar neste segmento, caso da própria B3. A CVM criou uma metodologia para definir um grande bloco, que será revista periodicamente. Na primeira edição, 427 papéis foram considerados elegíveis. O valor mínimo para negociação de grandes lotes das duas maiores ações da bolsa, Vale ON e Petrobras PN, será de R$ 8,5 milhões.

A CBOE possui a maior plataforma de block trade da Europa e dos Estados Unidos, segundo o presidente da CSD BR, Edivar Queiroz Filho. “Eles possuem a experiência de entrar em mercados competitivos”, afirma o executivo. A empresa americana é dona da Bids Trading, especializada no tema. “Desde o começo da CSD BR eu já vinha conversando com a CBOE e, em nossa terceira rodada de captação, buscamos um investidor estratégico além das instituições financeiras”, completa o executivo. Todas as participações, de CBOE, Santander e BTG, são minoritárias. Na época do anúncio, o valor do negócio não foi divulgado e Queiroz Filho não quis comentar sobre o valor do aporte.

A CSD BR possui o aval da CVM para atuar como balcão organizado e ainda precisa da autorização do regulador para a plataforma que vai operar os grandes lotes, e deve fazer a solicitação em janeiro. A empresa também aguarda o aceno positivo do Banco Central (BC) e da CVM para operar como liquidante e depositária de ativos, como clearing.

Com relação aos grandes lotes, o executivo discorda de posições do mercado que defenderam que o novo modelo reduziria a liquidez. Segundo o presidente da CSD BR, há participantes que deixam de fazer operações por não conseguirem fazer um leilão em bolsa. “A regra era arcaica. O grande lote não tira a liquidez do livro, pelo contrário, expande o mercado”, defende.

Queiroz Filho não nega que a entrada no segmento de negociação de grandes lotes é uma alternativa para se tornar uma bolsa futuramente, e que avalia a opção com carinho, apesar de ainda não haver definição sobre esse passo. “Estamos construindo toda uma infraestrutura de mercado para não dar mais passos depois? É uma pergunta que nos fazemos sempre”, diz, acrescentando que vê espaço para mais participantes no mercado de bolsa no país.